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1. Resistência bacteriana Introdução

A evolução da Resistência Antimicrobiana (RAM) é um fenômeno contínuo que ocorre por mutações cromossômicas ou pela aquisição de genes de resistência por transferência horizontal. O avanço constante da RAM nas últimas duas décadas representa um risco grave à saúde global e é atualmente considerado uma das maiores ameaças sanitárias do século XXI, limitando severamente as opções de tratamento. Micro-organismos multidroga resistentes representam um risco para todas as pessoas; entretanto, indivíduos imuno- comprometidos e aqueles com doenças crônicas são particularmente vulneráveis.1

Bactérias Multirresistentes (MDR) são frequentemente detectadas em infecções comuns, como infecções respiratórias, da corrente sanguínea, urinárias, sexualmente transmissíveis e tuberculose, em todo o mundo. Enquanto isso, o desenvolvimento e a oferta de novos antibióticos diminuíram significativamente desde a década de 1980 e não acompanham a rápida evolução da RAM.1

A resistência aos antibióticos impacta a saúde humana tanto em termos terapêuticos quanto preventivos. No contexto terapêutico, manifesta-se diretamente por meio de falhas no tratamento e aumento das complicações. Já no contexto preventivo, a resistência compromete as opções terapêuticas em situações imunossupressoras, como quimioterapia para câncer, procedimentos cirúrgicos avançados (incluindo transplantes) e outras intervenções médicas invasivas, como intubação ou cateterização.1,2

2. Desenvolvimento da resistência aos antibióticos e seus mecanismos em Gram-negativos

Os antibióticos atuam por diferentes estratégias para eliminar bactérias. No entanto, as bactérias também possuem mecanismos de resistência, incluindo:2
  1. Restrição da entrada do antibiótico - alterando as vias de acesso do antibiótico;
  2. Ativação de bombas de efluxo - removem antibióticos da célula bacteriana;
  3. Produção de enzimas que modificam ou destroem o antibiótico - β-lactamases.

Além desses mecanismos de resistência, algumas bactérias formam biofilmes, estruturas compostas por enzimas extracelulares que impedem a penetração de antibióticos e favorecem o crescimento bacteriano. Assim, quando os micro-organismos são expostos a antibióticos, eles se adaptam e evoluem geneticamente para sobreviver.2

3. Enterobacterales: epidemiologia, principais infecções e mecanismos de resistência aos antimicrobianos

As Enterobacterales incluem alguns dos patógenos Gram-negativos mais comuns, como: Escherichia coli, Klebsiella spp., Enterobacter spp., Serratia spp. e Proteus spp. que são comensais do trato gastrintestinal, mas frequentemente associados a Infecções do Trato Urinário (ITU), infecções do trato respiratório, infecções intra-abdominais e infecções da corrente sanguínea, especialmente no ambiente hospitalar.1

O mecanismo de resistência mais clinicamente relevante nessas bactérias é a produção de β-lactamases, que degradam os antibióticos β-lactâmicos, principais antibióticos utilizados para tratar diferentes infecções. As principais β-lactamases responsáveis pela resistência antimicrobiana nas Enterobacterales são: β-Lactamases de Espectro Estendido (ESBLs), β-lactamases AmpC e carbapenemases.3

Resistência das Enterobacterales aos carbapenêmicos

Nos últimos anos, as Enterobacterales Resistentes aos Carbapenêmicos (CRE) disseminaram-se rapidamente em todo o mundo, representando uma séria ameaça à saúde pública. Essas bactérias são difíceis de tratar e apresentam uma alta taxa de mortalidade.2

A resistência aos carbapenêmicos pode ser classifica- da em dois mecanismos principais: produtores de carbapenemases, que são β-lactamases capazes de clivar o anel β-lactâmico da ligação amida de quase todos os antibióticos β-lactâmicos, incluindo os carbapenêmicos, tornando-os inativos.2,4

Embora as Enterobacteriaceae do segundo grupo (Non-CP-CRE) não produzam carbapenemases, elas podem apresentar resistência aos carbapenêmicos devido à produção de outras β-lactamases, como a Ampicilinase Tipo C (AmpC) ou ESBLs, associadas a modificações nas porinas ou ao aumento da atividade de bombas de efluxo.2,4



Figura 1. Classificação das carbapenemases/β-lactamases de acordo com seu domínio catalítico central.5

Legendas: ACT = AmpC type β-lactamase; AmpC = ampicillin chromosomal cephalosporinase; CMY = cephamycin-hydrolyzing β-lactamase; CTX-M = cefotaxime-hydrolyzing β-lactamase–Munich; FOX = plasmid-mediated class C β-lactamase; GES = Guiana extended-spectrum β-lactamase; IMI = imipenem-hydrolyzing β-lactamase; IMP = imipenemase metallo-β-lactamase; KPC = Klebsiella pneumoniae carbapenemase; NDM = New Delhi metallo-β-lactamase; OXA = oxacillin carbapenemase/oxacillinase; SHV = sulfhydryl variant; SME = Serratia marcescens enzyme; TEM = Temoneira class A extended-spectrum β-lactamase; VIM = Verona integron-encoded metallo-β-lactamase.

Adaptado de Nordmann P, Poirel L. 2019.




Figura 2. Classificação dos diferentes mecanismos de resistência a medicamentos em CRE6

Legenda: CRE = Enterobacterales resistente aos carbapenêmicos; CP = Produtor de Carbapenemases: KPC = Klebsiella pneumoniae carbapenemase; IMI = Imipenem-hydrolyzing ß-lactamase; GES = Guiana extended-spectrum ß-lactamase; MBLs = Metallo-ß-lac- tamase; OXA = oxacillinase; NDM = New Delhi metallo-ß-lactamase; VIM = Verona integron-borne metallo-ß-lactamase; IMP = Imipenem-resistant Pseudomonas carbapenemase; SMP = Sao Paulo metallo-ß-lactamase; GIM = German imipenemase; SIM = Seoul imipenemase; AmpC = Type C ampicillinase; ESBLs = Extended-spectrum ß-lactamase.

Adaptado de Suay-García B, Pérez-Gracia MT. 2019.


A resistência aos carbapenêmicos é um processo evolutivo contínuo, impulsionado por mutações genéticas que aumentam a sobrevivência das bactérias em ambientes com antimicrobianos.7

Infecções nosocomiais e adquiridas na comunidade causadas por CRE estão tornando-se cada vez mais difíceis de tratar. Dessa forma, é essencial que, além do antibiograma, o laboratório de microbiologia realize uma detecção rápida e precisa para identificar isolados produtores de carbapenemases.2

Os testes automatizados e de difusão em disco são frequentemente usados como triagem inicial para prever a presença de Micro-Organismos Produtores de Carbapenemases (CPO). No entanto, a detecção das enzimas é desafiadora devido à diversidade de mecanismos envolvidos e às limitações metodológicas de alguns laboratórios clínicos.2

P. aeruginosa: epidemiologia, principais infecções e mecanismos de resistência aos antimicrobianos

Pseudomonas aeruginosa é uma das principais causas de infecções nosocomiais. Estima-se que seja respon- sável por 7,1%–7,3% de todas as infecções associa- das à assistência à saúde. Os pacientes acometidos apresentam alta taxa de mortalidade, atribuível à resistência intrinsecamente alta do micro-organismo a muitos antimicrobianos e ao desenvolvimento de maior resistência, particularmente a múltiplos medicamentos, em ambientes de assistência médica, o que limita as opções de escolha terapêutica para tratamento das diferentes infecções associadas a esse micro-organismo.8-10

Estudos de revisão sistemática e metanálises também destacam a questão crítica da RAM em P. aeruginosa no Brasil e a necessidade de medidas direcionadas de controle de infecções, gestão eficaz de antimicro- bianos e estratégias regionais adaptadas aos padrões epidemiológicos locais.11

Principais infecções

Pseudomonas aeruginosa é um patógeno oportunista multirresistente que causa infecções agudas ou crônicas em indivíduos imunocomprometidos, incluindo pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fibrose cística, câncer, traumas, queimaduras, sepse e pneumonia.12
 
Embora as infecções respiratórias sejam as mais co- muns, essa bactéria também está associada a outras infecções hospitalares, como: infecção do trato urinário (ITU), infecção da corrente sanguínea associada a cateter, infecção do trato respiratório (principal agente causador de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica – PAV), considerada a mais grave HAI (infecção associada aos cuidados de saúde), especialmente em pacientes internados em unidades críticas em uso de dispositivos invasivos e uso de antibióticos de amplo espectro.13

Embora seja principalmente um patógeno nosocomial, tem sido implicada em infecções adquiridas na comunidade, a exemplo de foliculites, e outras infecções de pele e partes moles, osteomielite, endocardite e peritonite. Também é responsável por 1% das infecções comunitárias da corrente sanguínea e até 5% dos casos graves de pneumonia adquirida na comunidade (PAC).13

Resistência aos carbapenêmicos

Além de possuir diversos fatores de virulência e uma notável capacidade de sobrevivência, P. aeruginosa apresenta uma característica crítica que dificulta significativamente seu tratamento: a resistência a múltiplos antimicrobianos e alta capacidade de adquirir novos mecanismos de resistência.13

A resistência a carbapenêmicos em P. aeruginosa frequentemente ocorre devido a mecanismos combinados, em vez de produção de carbapenemases. No entanto, a produção de carbapenemases é responsável por até 20% dos casos de CR-PA. As Metalo-β-Lactamases (MBLs) são as carbapenemases mais prevalentes globalmente neste micro-organismo.13

Um estudo realizado com isolados de P. aeruginosa em isolados no Brasil destaca que, embora os principais mecanismos de resistência aos carbapenêmicos em P. aeruginosa sejam superexpressão de bombas de efluxo, superprodução da β-lactamase AmpC e inativação da proteína de membrana externa OprD, a produção de carbapenemases tem ganhado importância crescente. Estudos conduzidos entre 2015 e 2020 em 12 países da América Latina detectaram blaVIM em 52,2% e blaKPC em 22,4% dos isolados de P. aeruginosa.14

Teste de suscetibilidade aos antimicrobianos

O teste de suscetibilidade aos antimicrobianos (TSA), seja por sistemas automatizados, disco-difusão, fita de gradiente ou microdiluição em placa, são frequentemente usados como triagem inicial para avaliar perfis de suscetibilidade, eficácia de novos antibióticos, permitir a escolha de antibióticos mais eficazes para tratar a infecção, monitorar e prevenir a disseminação de micro-organismos resistentes ou genes de resistência. No entanto, a detecção das enzimas é desafiadora devido à diversidade de mecanismos envolvidos e às limitações metodológicas de alguns laboratórios clínicos.15

Os sistemas automatizados e semiautomatizados para identificação bacteriana e testes de suscetibilidade são altamente eficazes e melhoraram significativamente a eficiência laboratorial. Esses sistemas podem reduzir o tempo até a liberação do laudo, melhorar o manejo de infecções graves e apoiar programas de gestão de antimicrobianos.16

Uma limitação destes sistemas é que os painéis geralmente contêm apenas algumas concentrações de cada agente antimicrobiano, o que significa que a Concentração Inibitória Mínima (CIM) pode não ser forne- cida como valor exato. Em contraste, a microdiluição em caldo tradicional (BMD) testa uma ampla gama de diluições seriadas, permitindo a determinação de valores de CIM mais precisos.16

Além disso, alguns fatores podem impactar no desempenho dos sistemas automatizados, tais como: tamanho do inóculo (inóculos muito baixos podem levar a resultados falsos-suscetíveis), atualizações de software (é obrigatório sincronizar os pontos de corte de acordo com os padrões vigentes).16

Os sistemas automatizados para realização do antibiograma para Enterobacterales, em geral, apresentam resultados satisfatórios, porém, apesar de serem considerados um avanço na microbiologia, podem apresentar erros graves e médios para teste de suscetibilidade para Gram-negativos não fermentadores, a exemplo de P. aeruginosa e Stenotrophomonas maltophilia. Diversos estudos mostraram que diferentes métodos de teste da suscetibilidade para P. aeruginosa não apresentam a mesma precisão, especialmente para agentes β-lactâmicos, sendo recomendadas as metodologias de disco-difusão, fita de gradiente ou microdiluição em caldo, exceto para polimixinas, cujos resultados só são validados por microdiluição.17,18

Estudo realizado, comparando metodologias de disco difusão, fitas de gradiente e automação para
P. aeruginosa, mostrou resultados com erros graves (VME) especialmente para piperacilina + tazobactam (9,1%) e meropenem (7,8%), além de erros menores (ME) para aztreonam (20,8%) e imipenem (29,9%) dos isolados.18 Também é recomendada cautela na realização de testes de suscetibilidade para Stenotrophomonas maltophilia, pois pode ser observado um alto índice de erros.16,18

As metodologias de disco-difusão e fita de gradiente são consideradas métodos acurados para realização do antibiograma, porém podem também apresentar variações durante a leitura e interpretação dependente do processamento, discos, fitas e meios utilizados. Exemplos que podemos citar são: difusão em disco e sistemas automatizados podem superestimar resistência de ceftazidima-avibactam para Enterobacterales e P. aeruginosa, o que pode levar a erros na escolha do tratamento. Esse fato aponta para a necessidade da confirmação por metodologia alternativa.17,19

A realização do antibiograma com metodologias recomendadas pelos comitês implica em um resultado confiável que pode guiar a terapia antimicrobiana inicial adequada, resultando em menores taxas de falha terapêutica, menor tempo de internação hospitalar, redução de custos e menor mortalidade em comparação com pacientes que receberam terapia antibiótica inadequada.8

Detecção de mecanismos de resistência

A detecção e caracterização das carbapenemases ge- ralmente envolvem métodos fenotípicos, como o Método de Inativação de Carbapenemase (CIM) e uma versão Modificada do CIM (mCIM). No entanto, esses métodos, embora apresentem resultados confiáveis, requerem cultura durante a noite para a detecção de carbapenemases. Para a detecção e caracterização rápida dessas enzimas em isolados bacterianos, vários testes colorimétricos comerciais foram desenvolvidos (CarbaNP, blue carba), proporcionando resultados em 30 a 120 minutos. Entretanto, esses testes apresentam desempenho variável dependendo da atividade da carbapenemase.20

Nos últimos anos, um ensaio imunocromatográfico multiplex, rápido e fácil de executar (NG-Test Carba 5 [NG Biotech, Guipry, França]), apresentando alta acurácia na detecção das principais carbapenemases, foi desenvolvido para a detecção das principais carbapenemases.20
 
Método modificado de inativação de carbapenêmicos mCIM/eCIM
  • Vantagens: Os testes mCIM/eCIM são fáceis de execução e interpretação, utilizam reagentes disponíveis no laboratório, têm baixo custo, apresentam alta especificidade (100%) e sensibilidade (99,6% para mCIM e 97,4% para eCIM). O mCIM detecta produção de carbapenemase em P. aeruginosa e Enterobacteriaceae. Apresenta alta concordância com testes de PCR e é capaz de identificar carbapenemases raras, como GES-4, IMP-6 e NDM-1, que estão além da capacidade de detecção do NG-Test CARBA.21,22
     
  • Limitações: Requer incubação durante a noite, o que prolonga o tempo de resposta (TAT). Podem falhar na detecção de alguns isolados, como S. marcescens portador de VIM-2, não separa tipos de carbapenemases e não distingue adequada- mente coprodutores de carbapenemases, a exemplo de KPC e MBL.22
Teste imunocromatográfico – NGCarba 5

O NG-Test CARBA 5 é um ensaio imunocromatográfico de fluxo lateral para identificação das cinco carbapenemases mais prevalentes (KPC, OXA-48-like, VIM, IMP e NDM) por meio do uso de anticorpos específicos. É considerado um teste altamente sensível e específico, rápido e fácil de implementar na rotina laboratorial, sendo uma opção eficaz para controle de infecções e prevenção de surtos hospitalares.23

O teste apresenta excelente desempenho em comparação com a PCR para Enterobacterales, com precisão semelhante aos métodos fenotípicos, porém com tempo de resposta reduzido. Nos isolados de P. aeruginosa com produção de carbapenemases, o teste tem um menor desempenho, devido à ausência de algumas metalo-β-carbapenemases (SPM, GES, IMI) e algumas mutações de carbapenemase do tipo IMP. Esse resultado também pode ser observado para Enterobacterales, onde mutações de KPC 2 e KPC3 podem gerar resultados negativos, mesmo com mCIM positivo.24

Embora os testes imunocromatográficos sejam altamente confiáveis, a vigilância laboratorial deve considerar a possibilidade de falsos-negativos, especialmente em casos de resistência não explicada, a exemplo de isolados resistentes à ceftazidima/avibactam, mas com resultado negativo ou com produção apenas de KPC. Nesses casos, é possível que possa existir uma mutação de KPC ou uma coprodução associada de uma metalo-β-lactamase com baixa expressão. Nesses casos, recomenda-se a realização do teste com inóculo próximo ao disco/fita de meropenem ou ertapenem, onde provavelmente deve existir maior expressão da enzima. Assim, antes da liberação do teste, o laboratório de microbiologia necessita fazer uma interpretação criteriosa e repetir o teste em resultados considerados passíveis de erros.24,25

Causas de resultados falsos-negativos
  1. Efeito do inóculo – diferenças na quantidade de amostra aplicada (inóculo) podem afetar a precisão e a sensibilidade do teste;26,27
     
  2. Novas variantes enzimáticas – mutações nos epítopos reconhecidos pelos anticorpos podem resultar em sinais reduzidos ou falsos-negativos;28
     
  3. Interferência da amostra – a alta viscosidade da amostra pode impedir a migração eficiente na membrana de nitrocelulose, gerando resultados inválidos;29
     
  4. Baixa expressão da enzima NDM – produção insuficiente da enzima pelo micro-organismo;30
     
  5. Amostras com baixa carga bacteriana – a amostra pode conter poucas células produtoras de NDM (culturas jovens ou velhas podem apresentar níveis variáveis de expressão de carbapenemase). As colônias a serem identificadas devem ser recentes (no máximo de 24h);29-31
     
  6. Coprodução de carbapenemases – de isolados ceftazidima/avibactam, resistente e produtor de KPC, recomenda-se a realização do teste com inóculo próximo ao disco/fita de meropenem ou ertapenem, onde provavelmente deve existir maior expressão da carbapenemase e pode haver uma produção de MBL concomitante.30
     
  7. Carbapenemases dos tipos GIM, SME e IMI – são carbapenemases raras que não são contempladas no teste.22
     
  8. Erros técnicos no manuseio do teste – erros na execução do teste, inóculo inadequado da amostra, tempo de incubação ou condições de armazenamento inadequadas;31
     
  9. Amostras com muitos repiques – pode ocorrer perda de plasmídeos durante sucessivas passagens e levar a resultados falsos-negativos.25,31
Como reduzir resultados falsos-negativos*
  1. Realizar o inóculo com uma alça calibrada de 1 uL, não utilizar a alça de 10 uL;
     
  2. Após colocar cinco gotas de solução tampão de extração, levar ao vórtex e, em seguida, deixar dez minutos à temperatura ambiente independente do micro-organismo a ser testado;
     
  3. Visando aumentar a positividade para NDM e outras MBLs, realizar o teste com o inóculo próximo ao disco ou fita de gradiente do meropenem, erta- penem e/ou ceftazidima/avibactam;
     
  4. Armazene os kits em temperaturas recomendadas pelo fabricante. Não use kits vencidos;
     
  5. Diante de resultados negativos, com isolado sugestivo de produção de carbapenemases, faça o mCIM ou blue carba ou mesmo PCR, para avaliar a possibilidade de produção de carbapenemases não contempladas no teste;
     
  6. Ao avaliar um antibiograma que apresente resistência a ceftazidima/avibactam com NGCarba negativo ou positivo para KPC, repita o teste e/ou realize teste de mCIM para avaliar a presença de MBL associada;
     
  7. Para P. aeruginosa com mCIM positivo e NGCarba negativo, esses resultados podem ser justificados pela falta de algumas enzimas no NGCarba 5 (p. ex. GES, SPM, variantes de IMP);
     
  8. Faça controle de qualidade dos kits com isolados ATCCs;
     
  9. A intensidade da linha vermelha pode variar, dependendo da concentração das carbapenemases presentes na amostra. Uma linha fraca deve ser considerada com um resultado positivo;
     
  10. Prefira realizar o teste com inóculo em meios de cultura com teor adequado de zinco, para aumentar a sensibilidade do teste, especialmente para detecção de NDM.
* Recomendações da microbiologista Maria Goreth Matos de Andrade Barberino (CRF-BA 001621), com base na bula do NG-Test Carba-5®.

Causas de resultados falsos-positivos
  1. Pode apresentar falsos-positivos fracos, em isolado produtor de IMP-4, que pode gerar um sinal falso para NDM;22
     
  2. Reatividade cruzada quando uma variante do tipo OXA reage incorretamente com o alvo OXA-48-like;23
     
  3. Serratia spp e M. morganii podem apresentar resultados falsos-positivos para NDM quando um inóculo elevado for utilizado.27
     
  4. Ausência de instruções mais claras sobre o inóculo ideal na bula dos testes e a necessidade de incluir essa exigência para aprovação regulatória.27
Anexos

1. Método Modificado de Inativação de Carbapeném (mCIM) e (eCIM)32

Adaptado de Tamma PD, Simner PJ. 2018.

2. NG-Test Carba 5 (NG Biotech) Imunocromatografia para carbapenemases32

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